segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pastoral-política

Caríssimo Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis
Sou padre da Sociedade do Apostolado Católico, (Palotino) com 54 anos no trabalho de acompanhar seminaristas em nossos cursos de Filosofia e Teologia. Reconheço-me bastante crítico frente a teologia e pastoral de nossa Igreja católico no Brasil. Pois bem, lendo a carta que o Sr. escreveu sobre a Campanha da Fraternidade, chamou-me muito a atenção aquilo que considero como o problema de base para a compreensão da evangelização. Trata-se da relação do social com a fé. Santo Tomás nos elaborou critérios seguros para aclarar esse e outros problemas semelhantes. Entretanto, muitos teólogos se deixaram levar pela camapanha de difamação desse grande teólogo e por isso essa relação se tornou dificil de ser entendida e na prática mal aplicada.

Considero que o próprio Evangelho nos dá dicas para entendermos o problema. "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus..." (Mt 6,33; Lc 12,31). As comparações nos Evangelhos ilustram o que se deve buscar em primeiro lugar. Por exemplo, as comparações do fermento e da seiva. Estamos correndo o risco, em nossa pastoral, de acentuarmos tanto a massa e perdermos de vista o fermento, ou a seiva.

O professor filósofo, Bochenski, na Universidade de Fribourg/Suiça, nos repetia: toda a tendência da filosofia e teologia, hoje, é de acentuar o que a filosofia clássica chama de "potência" em detrimento do "ato". O social representa a "potência", a fé representa o "ato". E, na mesma filosofia clássica, se acentua que o ser se entende pelo ato e não pela potência. Frei Cladovis Boff, no famoso artigo no último nº da REB, de 2007, apela para os fundamentos e critica a Teologia da LIbertação que teria buscado fundar-se nos pobres, esquecendo-se com isto de Cristo como fundamento. Subsituimos, diz ele, Jesus Cristo pelo pobre. Corremos o risco de colocar o social no lugar de Jesus Cristo. Isto mesmo está na Carta Apostólica, Porta Fidei, nº 2: "... Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé...".

Perdoe-me meu atrevimento de lhe tirar um bocado de tempo para ler este e-mail. E se não mo proibis teria ansiedade até de comunicar algum outro ponto de nossa evangelização. Peço que me abençoe e um FELIZ NATAL! Pe. Achylle A. Rubin





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