terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Seguimento de Cristo

A realidade do "Seguimento de Cristo", é hoje, repetida em toda parte. Na V Conferência dos bispos da América Latina e Caribe, em Aparecida, maio de 2007, Bento XV, no discurso de abertura deu o tom para os bispos reunidos, ao afirmar que "a fé e a vida em Cristo é prioritária". Os bispos parece que entenderam o recado e o traduziram no Documento final.
Importa, dizer uma palavra sobre essa meta da vida cristã, o "seguimento de Cristo". Como poderíamos expressá-lo novamente, em busca de refazer em todos os que o buscam sua melhor compreensão?
Em primeiro lugar, proponho recordar que quando Deus age, também cria. E, ao criar, Deus é sempre generoso, magnânimo. Ele comunica às suas criaturas uma natureza com capacidade de agir e de recriar. No vasto gênero da vida, por exemplo, todo ser vivo é constituido de capacidade de ação, de produzir efeitos proporcionais à sua natureza. Ser vivo é ser capaz de agir, de se mover autonomamente.
Esse autonomia, porém, por se tratar de criatura, nunca estará acontecendo em absoluta independência de seu criador. Nada pode acontecer de forma absolutamente autônoma. Só o Criador goza de absoluta autonomia. Mas tudo o que é criado não pode arrogar-se tal autonomia. Daí que a primeira consideração de toda criatura deve levar em conta esse fato de absoluta dependência. A revolta contra Deus, sempre foi libertária, coisa impossivel e absurda para a criatura.
Em segundo lugar, quando Deus, em sua infinita bondade, nos "recriou" em Jesus Cristo, foi novamente magnânimo. Enriqueceu nossa natureza de criatura, de uma "sobre-natureza". Uma sobrenatureza que não é "sobre", mas que informa nossa natureza de uma realidade nova capaz de nos fazer agir de forma nova. Assim se diz que devemos nos "com-formar" em Cristo, tendo ele nos feito "participantes da natureza divina" (2Pd 1,4). Jesus expressou-o de outra maneira, dizendo que deveríamos "nascer de novo" Esse prodígio, Jesus disse que aconteceria "pela água e pelo Espírito Santo" (Jo 3,1s).
Em terceiro lugar, é nessa perspectiva que acontece o "Seguimento de Cristo". Isto é, Jesus, dando-nos outra vida, vida nova, pois "todo aquele que está em Cristo, é uma nova criatura" (2Cor 5,17), ele sinalizou o seguimento. O seguimento, desde esse momento do "nascer de novo" se tornou um seguimento de parceria. Aqui verte a missionariedade. Entretanto, sendo nós "novas criaturas", seremos aqui também e sempre criaturas, dependentes em todo nosso agir. Deus não pode abdicar de ser Deus, Absoluto. Nada poderá acontecer fora de sua realidade de ser Deus, nem ser algum e muito menos algum agir.
Em quarto e último lugar, aqui reside a maior de todas as controvérsias na história da Igreja. Isto é, como é possível que dois agentes, Deus e seu parceiro, ambos agentes livres produzirem a mesma ação missionária, sem se repartirem as tarefas e também, é evidente, sem considerá-las relacionando-se com independência e por vínculos mais ou menos externos, como sejam a "dialética", ou "articulação. Há um só caminho de relação. É o caminho da dependência. Nós, parceiros livres, agimos dependentes da causa primeira e universal de tudo quanto acontece. Um exemplo material é o seguinte: O músico toca toda a música e o instrumento musical toca também toda a mesma música, mas na dependência. Sendo, entretanto, que nós somos livres e Deus é sumamente livre, como se compaginam duas causas livres? Não pode ser numa dependência como o instrumento musical depende do músico. Aqui há dependência na composição da música e também na execussão. Qual a resposta? Nossa dependência instrumental, deve reger-se pela atitude da criatura racional e livre que, por ser criatura, depende essencialmente tanto no ser como no agir. Essa atitude tenho-a expresso com quatro palavras chaves: 1) "intimidade". Isto é, se dependemos também no plano, no projeto, devemos conhecê-lo e para isso devemos entrar na intimidade de Deus. 2) "docilidade". Se é plano de Deus, é preciso dispor-se. Para tanto, suplicar os dons da sabedoria e da fortaleza. 3) Só assim acontecerá o SEGUIMENTO!





Em quarto lugar, sendo nós "parceiros" na missionariedade, surge o eterno problema

Um comentário:

Ale Costa disse...

Parabéns pelo blog.
Abraços,
Ale.